quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
O papel da música na transformação humana
Em seu livro “Outras terras outros sons”, Maria Berenice Almeida e Magda Pucci escrevem:
Concebemos a música como uma das expressões humanas, uma das muitas linguagens utilizadas pelo homem para falar de si, do seu grupo social e de suas expressões sobre o mundo. A música não existe por si mesma, mas inserida num contexto sociocultural. Quando ouvimos, cantamos e no pensamento ou tocamos música, estamos penetrando parcialmente nesse grupo social e no pensamento desse homem que a criou.
Este texto define o papel da música na transformação humana: ela é capaz de ampliar a percepção do indivíduo sobre si mesmo e o mundo, e suas possibilidades de expressão e de comunicação.
É importante lembrar que música é parte intrínseca de cada ser humano e tem significado relacionado à auto-realização e ao prazer.
A educação pode se realizar em várias instâncias das relações humanas como na família, na rua, na igreja, entre outras, e portanto todas as relações homem-mundo são educativas, isto é, pressupõe-se que em todas elas se aprende e se ensina alguma coisa.
Ao educador cabe a significativa responsabilidade de formar e orientar o desenvolvimento do ser humano. Incluída na educação, a música pode ser um recurso para desenvolver aspectos da formação da personalidade e auxiliar novos aprendizados ao indivíduo. Para Violeta H. Gainza: “Educar-se na música é crescer com plenitude e alegria”.
Através da música podemos ampliar a percepção, a concentração, a imaginação, as possibilidades de expressão dos indivíduos.
Willems, ao relatar a sua constatação dos muitos resultados aos benefícios decorrentes da aprendizagem para o desenvolvimento do ser humano, sintetiza tudo o que aqui se poderia dizer sobre o assunto:
[A música] (...) enriquece o ser humano pelo poder do som e do ritmo, pelas virtudes próprias da melodia e da harmonia; eleva o nível cultural pela nobre beleza que emana das obras-primas; dá consolação e alegria ao ouvinte, ao executante e ao compositor. A música favorece o impulso da vida interior e apela para as principais faculdades humanas: vontade, sensibilidades, amor, inteligência e imaginação criadora. Por isso a música é encarada quase unanimemente como um ator cultural indispensável.
Referências Bibliográficas:
ALMEIDA, Maria Berenice de & Pucci, Magda Dourado Pucci. Outras Terras, Outros Sons. São Paulo: Callis, 2002.
GAINZA, Violeta Hemsy. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus,1988.
GAINZA, Violeta Hemsy. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus,1988.
WILLENS, E. As bases psicológicas da Educação Musical. Bienne (Suíça): Edições Pró-música, 1970.
Primeiras impressões sobre Musicoterapia
Lanço um olhar sobre a história para compreender como se desenvolveu o uso da música como método terapêutico. Pode-se afirmar que a música, desde o início da história humana, tem feito parte do processo curativo de sintomas físicos ou espirituais. Alguns dos primeiros registros a esse respeito podem ser encontrados na obra de filósofos gregos pré-socráticos.
Tamanha influência ela tem sobre o homem, que mereceu ser objeto da observação científica, constatando-se o seu poder de levar ao bem estar e alívio ao corpo e a mente.
No século XVII, investigados os seus efeitos fisiológicos estabelece-se a relação da música com os ritmos corporais, pulso e tempo musical, o seu efeito sobre a respiração, pressão sanguínea e digestão. Ë neste período que a música consagra-se como tratamento específico para doenças psiquiátricas, onde é prescrita (ou não, dependendo do caso), produzindo efeitos curativos.
A partir de então, o próprio desenvolvimento tecnológico se encarrega de impulsionar tanto as pesquisas quanto a sua utilização terapêutica. A sistematização dos métodos utilizados começa, no entanto, após a II Guerra Mundial, particularmente nos EUA, quando da sua utilização no tratamento dos egressos da guerra.
Uma das definições de Musicoterapia mais conhecidas é a de que é a utilização da música e/ou de seus elementos constituintes, ritmo, melodia e harmonia em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização. Ou seja, é uma intervenção, cujo objeto formal de estudo é o comportamento sonoro do indivíduo. E como tal, atinge o profundo da mente do indivíduo. A música evoca sensações, estados de ânimo e emoções, reflete sentimento, e sendo assim, abre um leque de possibilidades terapêuticas.
Esse processo – intervenção - pode ser desenvolvido na área hospitalar para fins terapêuticos relevantes, a fim de atender as necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas dos pacientes. A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele alcance uma melhor qualidade de vida através de prevenção, reabilitação ou tratamento, de tal forma que se afirma que, quando utilizado como coadjuvante no tratamento de pacientes internados podem até diminuir o uso de psicotrópicos no tratamento de quadros ansiolíticos e psicossomáticos. Algumas pesquisas demonstram ainda que a utilização desta técnica reduz o quadro não só de ansiedade, mas também de dor, e melhoram consideravelmente o humor.
A musicoterapia pode ainda ser utilizada com outros objetivos como os educacionais e recreativos, além dos anteriormente mencionados.
E finalmente, é importante ressaltar que a musicoterapia também trabalha interagindo com diversos profissionais como psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, entre outros.
Educação Inclusiva nos Documentos
A Declaração de Madri (Congresso Europeu sobre Deficiência, em 2002) destaca as novas concepções a respeito da deficiência, mediante a questão dos direitos humanos, em detrimento das antigas concepções que não sublinhavam a exigência de oportunidades iguais para todos os cidadãos e de sua inserção na sociedade como algo de direito. Quer garantir autonomia, inserção e participação do deficiente na vida da comunidade, com a eliminação de barreiras sociais. Neste sentido, assinala a necessidade de uma legislação antidiscriminatória para combater preconceitos e estigmas ainda existentes nos dias de hoje, e propõe para as autoridades européias ações concretas (promover vida independente, apoio às famílias, acesso aos serviços sociais, de saúde, educacionais, entre outros) com vistas á inclusão social das pessoas com deficiência.
No Brasil, os artigos 2, 5 e 11, do Estatuto da Criança e do Adolescente garantem às crianças portadoras de deficiências o direito ao atendimento especializado, inclusive médico - gratuito - através do SUS, e resguarda-as de qualquer tipo de negligência ou ato moral que atente aos seus direitos fundamentais. Da mesma forma, a lei nº 9394, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional garante o atendimento educacional especializado na rede regular de ensino, estabelecendo o oferecimento de serviços de apoio especializado para atender às particularidades da clientela, tendo início na faixa etária de zero a seis anos. Assim como assegurar currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, professores especializados, educação especial para o trabalho e acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares. A lei ressalta ainda que, cabe ao poder público, viabilizar técnica e financeiramente o atendimento aos educandos com necessidades especiais.
O Parecer CNE/CEB nº17/2001 e a Resolução CNE/CEB nº02/01 são resultado da necessidade da elaboração de normas que rejam o atendimento a esta clientela. A Formação do Professor, segundo tema do Parecer, foi transferida para elaboração junto ao órgão de competência da Câmera de Educação Superior do Conselho Nacional e Educação. Ressaltando os diferentes perfis destes educandos, a resolução determina que tanto o professor de classe comum deve ser capacitado – desenvolvidas as suas competências - recebendo em sua formação conteúdos ou disciplinas em educação especial, quanto o de classe especial deve ser especializado comprovadamente em educação especial, e que estes devem apoiar os outros em suas práticas apontando e desenvolvendo possíveis soluções pedagógicas.
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